A FENOMENOLOGIA EM PEIRCE

A semiótica peirceana procura investigar os diversos tipos de processos de significação, considerando questões como: como se deu o processo de significação? Como se constituiu em linguagem? Qual o efeito de sentido produzido? Os três elementos de investigação, como já vimos em outros textos deste blog: objeto, interpretante e representamen.

Segundo Peirce, a fenomenologia estuda e investiga os fenômenos (óbvio), propondo formas capazes de classificar qualquer pensamento, reduzindo as três categorias ditas universais que são: Primeiridade, secundidade e terceiridade. Como não há restrição nas aplicabilidades são camadas de universais.

O termo “fenomenologia” vem do grego e é a junção de duas palavras: phainomeno (fenômeno) e logos (estudo) da ciência, também pode ser interpretada como um método para investigação filosófica.

As categorias universais

Primeiramente nos estudos de Peirce, ele reconheceu duas ordens de categorias, particulares e as universais. Em 1903, na conferência de Lowell, Peirce apresentou as suas categorias universais: primeiridade, secundidade e terceiridade. Fundamentadas, de acordo com ele, em três modos de ser: o ser da possibilidade quantitativa positiva, o ser do fato aqui e agora e o ser da lei que governará os fatos no futuro.

Primeiridade

Carregada de possibilidade, está no presente absoluto, tem originalidade, qualidade e consciência, é o acaso, o vago etc. Essa categoria é de pura qualidade, é independente de qualquer relação, é o modo de ser que governa o que é. Não possui nenhuma referência adicional. Por exemplo: a cor rosa, ou vermelha, ou azul, ou verde etc. Não há referência na primariedade. Portanto, a primeiridade tem as seguintes característica: pura qualidade, intuitivo, não possui uma referência adicional, sentimento sem reflexão, presente absoluto.

Secundidade

Aqui o mundo é real, essa categoria é compreendida no fato, na experiência, ação/reação e determinação/definição. Independe do pensamento. A secundidade é o modo de ser do que é em relação a um segundo, sem consideração de um terceiro. Exemplo: Primeiridade – cor vermelha. Secundidade: Guitarra vermelha, ou seja, Secundidade é a cor vermelha de um objeto concreto (guitarra). Portanto, a secundidade tem as seguintes características: Reagir a fatos; distinguir e descriminar; é o fato em si; reações reais ou análogas a primeiridade.

Terceiridade

Esta consiste na continuidade, é a lei, o pensamento, o processo, o signo, a generalidade, a probabilidade. É o modo de ser da relação entre os três elementos, mas não redutível a combinações apenas. Considera-se a mediação de um terceiro entre dois. Relaciona-se como o pensamento de que 1 e 2 do ponto de vista de 3. Portanto, a terceiridade organiza os fatos; relaciona um fenômeno qualquer; continuidade; inter-relação, interconexão.

Então, a base do signo em Peirce é uma relação triádica entre três elementos: primeiridade, secundidade, terceiridade. Por exemplo:

Uma palavra isolada não significa nada, é neutra, vaga, mas quando ela se relaciona ou se dirige a um objeto, ela é secundidade. Apalavra “vermelho”, por exemplo, é absoluta qualidade, é intuitiva, é primeiridade. Quando essa palavra se dirige ao objeto “guitarra” é secundidade, reação ao fato. Quando você olha e tem a certeza de que o objeto guitarra é vermelho, você fez a analogia, fez uso da memória, relacionou cor e objeto, essa relação é terceiridade. Por isso se afirma que o universo semiótico do ser humano é determinado por uma relação triádica.

Por Pierre Logan

Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciando em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia - Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente também é colunista do Jornal SP em notícias. 

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