O que
determinou o fim da Idade Antiga, como sabemos, foi a queda do Império Romano
do Ocidente (A queda de Roma), esse foi basicamente o início da Idade Média.
Nesse período também tivemos uma intersecção entre a filosofia e a teologia
cristã. Quem detinha o conhecimento e o poder era a igreja que passou a
utilizar a filosofia grega para justificar seus pressupostos, pois até então as
verdades estavam expostas nos livros do Novo Testamento, nas Sagradas
Escrituras e nos ensinamentos passados pelos padres da Igreja.
Os
antigos, como vimos em outros textos, preocupavam-se com o bem comum, buscando
a cidade justa e as melhores formas de conviver, na Idade Média volta-se a
ideia e a discussão do tema do poder e do domínio. Desta forma surgiu uma
preocupação dos filósofos medievais, cujo objeto de pesquisa era as relações
existentes entre o poder temporal e
o poder religioso, onde o poder
temporal seria o dos governos e o poder religioso ou espiritual seria o da
igreja.
PODER
TEMPORAL = GOVERNOS
PODER
RELIGIOSO OU ESPIRITUAL = IGREJA
Então é
possível afirmar que existiam quatro fontes: as sagradas escrituras, obras de
Platão, Obras de Aristóteles e os códigos e leis dos imperadores romanos. Com
isso, tendo essas fontes que muitas vezes caminhavam em direções e conclusões
opostas, por exemplo, a bíblia fundada na fé e a filosofia na razão, precisavam
adaptar ou encaixar as ideias para determinar o que de Platão ou Aristóteles
seria aceito para “justificar” posicionamentos cristãos.
Surgiram
então as teorias do poder teológico político, qual seja, o poder pertencia a
Deus, Deus era quem escolhia os reis, o rei deveria possuir virtudes cristãs, a
hierarquia política e social é considerada ordenada por Deus, no topo da
hierarquia estão o papa (poder espiritual) e o imperador (poder temporal), na
época a creditava-se que a vida temporal era inferior a vida espiritual,
portanto, o maior objetivo do governante era a salvação da alma dos seus
súditos, essa era a maior finalidade política daquela época.
Conclui-se,
portanto, que havia a questão do Estado e da Igreja agindo conjuntamente. O
servo deveria obedecer ao poder do rei e ao poder divino. Os princípios
cristãos deveriam ser seguidos assim como a lei do rei. Daí nasceram doutrinas
que defenderam a superioridade que existia entre o poder religioso sobre o
poder civil. Os dois filósofos cristãos mais conhecidos nessa época foram Santo
Agostinho (354 a 430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225 a 1274 d.C.).
Agostinho e a filosofia política
Na Época
Medieval existiam os Padres Apologistas, aqueles que conheciam o pensamento
antigo que tinham um modo santo de viver, viviam de maneira ortodoxa e buscavam
uma maneira de desenvolver uma sistemática apologética. Esse momento é
denominado como Patrística, representada pelo Padre da Igreja Católica Santo
Agostinho de Hipona.
Durante a
nossa caminhada pelo universo político podemos observar que tanto Platão (427
a.C.) quanto Aristóteles (384 a.C.) buscavam uma forma de descrever uma cidade,
ou a forma de viver ideal em sociedade. Agostinho desenvolveu uma obra que
chamou de A Cidade de Deus, onde defendeu que existiria dois tipos de Cidade: a
cidade material, terrena e a cidade de Deus, divina. A primeira seria
descendente de Caim e a segunda descendente de Abel.
Posteriormente
o Papa Gelásio I (492 a 496 d.C.), estabeleceu uma doutrina que seria
referência para igreja durante cerca de 7 0u 8 séculos, pois ela apontava o
princípio da superioridade do poder do Papa (a auctoritas) sobre o poder dos reis (a potestas), uma teoria, obviamente, favorável ao poder pontifício.
No século
X, um monge da ordem de Cister, Bernardo de Claraval (1090 a 1153 d.C.)
formulou a teoria das duas espadas, uma do poder temporal e outra do poder
espiritual, todavia, partiu de uma interpretação teocrática, que determinava
que o Papa teria as duas.
A Filosofia política em São Tomás de Aquino.
O
pensamento da patrística tinha como base para formalização da sua filosofia,
além do conteúdo cristão, bases platônicas. Já esse segundo período da Idade
Média surgiu a escolástica cuja maior personalidade é Santo Tomás de Aquino
(1225 a 1274 d.C.) que não tinha as bases fundadas em Platão, mas sim na
revisão dos trabalhos de Aristóteles.
O
procedimento escolástico consistia na formulação de um problema, depois dava
conteúdos precisos as noções, considerava todas as teses existentes (favoráveis
ou contrárias) e depois construía rigorosos argumentos, feitos principalmente
de silogismos.
Tratou
sobre fé e razão. Concluiu que a razão da igreja é dada por Deus. O homem deve
agir com a razão que foi dada por Deus, mas a fé é suprema. Entre um conflito
entre fé e razão, nós devemos optar pela fé. O poder do Estado não ficaria
subordinado de forma absoluta ao poder da Igreja, mas de modo relativo, pois a
autoridade da igreja é superior no tocante as coisas espirituais.
São Tomás
também defendia a existência de quatro leis. As eternas (lex aeterna), a
sabedoria imposta por Deus em todas as circunstâncias, as naturais (lex naturalis),
que seria na verdade o prolongamento da lei eterna na sociedade humana, a dos homens (lex humana), o direito, as regras, as normas adaptadas pelos seres
humanos para impedir que um homem faça mal a outro na sociedade e a lei de Deus (lex divina) que é a lei revelada pelos livros sagrados, como Deus é
o Criador e Organizador do universo esta lei é a suprema e que prevalece sobre
todas as outras.
Esse é um
resumo sucinto dos filósofos da Idade Média mais importantes para o ocidente,
entretanto, veremos mais adiante que no Oriente Médio também existiram
personalidades importantes com ideias pertinentes para a filosofia como
Avicenna (980 a 1037) e Averróis (1126 a 1198). Personalidades importantíssimas
que desenvolveram posicionamentos sobre a obra aristotélica. Veremos em outro texto
com mais detalhes.
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Pierre Logan: Formando em direito com inclinações filosóficas e licenciando em filosofia. Foi líder da banda Estado Mental, gravou o disco “A separação dos tempos” (2010). Atualmente, em sua carreira solo, lançou o disco Pierre Logan: Crônicas de um mundo moderno (2015), cuja proposta (rock filosófico) o deixou na vanguarda dos roqueiros mais promissores da nova leva da cena independente. Atualmente mora em São Paulo e também é colunista do jornal SP em notícias, publicou vários artigos sobre política e filosofia. Mais informações acesse o site oficial
Obrigado ajudou demais
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